Relacionamentos artificiais, pensamentos líquidos.
Atualmente, as relações interpessoais
estão, de modo generalizado, superficiais, mais tão superficiais que as pessoas
nem estão conversando mais. Podem observar. As pessoas nem pedem mais informações
umas as outras e quando isso acontece, elas se assustam como se nós tivéssemos violando
os direitos delas. Non sence isso! E
pensar que tem gente chamando isso de evolução! Gente, que isso! Cadê todo
mundo? Não somos máquinas. É inato para
os humanos a necessidade de se comunicar, socializar. Observem que nunca antes
na história tivemos tanto índice de suicídio por depressão como nos dias
atuais! Por que será hein?
Também pudera, as pessoas passam a maior
parte trabalhando duro e muito para poder suprir suas necessidades consumistas,
porque todo mundo tá comprando e não podemos ficar de fora e desatualizados das
tendências. Não que a gente deve ficar a quém das informações e atualidades.
Mas as pessoas estão pagando um preço cada vez mais alto pelos seus desejos
desenfreados e individualistas. A sensação do poder sobre o outro ou sobre algo
é insaciável.
Por isso, as relações sempre são
distantes, frias e rasas. Os pensamentos são, na maioria, alienados como se
fosse não fossemos seres reflexivos. Vão apenas acompanhando o "rebanho"
sem muitas perguntas, com pensamentos líquidos e sem um filtro crítico. Aliás,
como vamos pensar com o wifi conectado
e celular bipando, bombardeado por selfies
e atualizações das dezenas de redes sociais conectadas, não é mesmo?
Quero esclarecer que não estou tirando o
mérito da tecnologia em nossas vidas, mas ressalto que o uso dela deve ser
coerente e, no mínimo, saudável. As pessoas estão cada vez mais solitárias,
vivendo em seus próprios mudinhos, inventando perfis com qualidades que,
geralmente, não existem nelas, se sentindo cada dia mais só e nada fazem pra
mudar isso, Pelo simples fato de não querer correr o risco de ser rejeitado ou
de ir contra a vibe de todos os
outros. Estamos nos reinventando através de uma tela luminosa e conectada com o
mundo, para prolongar uma sensação de felicidade construída por meio de
mentiras e construções fantasiosas fundamentadas em um estado caótico de não
aceitação, solidão, reclusão voluntária e baixa auto-estima.
Resumindo esse caos, me atrevo a dizer
que a nossa próxima geração será de máquinas, sejam elas humanas ou não (mas
isso é conteúdo pra outro texto) ou de "zumbis"
lê-se: zumbis humanos que passarão dia e noite conectados, exaustos, vivendo
apenas pela sensação delirante e febril dos relacionamentos artificiais
emocionantes e cada vez mais rasos e com seus pensamentos cada vez mais
líquidos, ou seja, descartáveis, uma vez que não precisamos nos apegar a nada e
nem a ninguém porque as tendências estão sempre mudando neste nada admirável
mundo novo.
Morena Boaz em 12 de janeiro de 2018
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